quinta-feira, 14 de agosto de 2008




Bolhas

Olha a bolha d'água
no galho!
Olha o orvalho!

Olha a bolha de vinho
na rolha!
Olha a bolha!

Olha a bolha na mão
que trabalha!

Olha a bolha de sabão
na ponta da palha:
brilha, espelha
e se espalha.
Olha a bolha!

Olha a bolha
que molha
a mão do menino:

a bolha da chuva da calha!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008


O Menino Azul

CECÍLIA MEIRELES

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizero nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardima
penas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

quinta-feira, 1 de maio de 2008


Rosy Beltrão

Era uma vez uma menina...
Não, não era não...
Agora me lembro!
Era uma boneca,
chamava-se Emília.
Terrivelmente sapeca,
inteligente e xereta
adorava fazer careta
e se meter com o Visconde
aquele que era
amigo do Marquês
Onde o saci pererê passeava
Lá estava ela...
metendo o dedinho
Era a boneca de Narizinho,
prima do Pedrinho
gostavam de comer
bolinhos aqueles de chuva,
que Tia Anastácia fazia,
mesmo que estivesse sol,
Era só ameaçar os pés doerem...
Ah! lá ia ela para cozinha
fazer bolinho de chuva
Só para depois sentar
todo mundo na sala
ao pé da cadeira
aquela de balanço
da vovó a dona Benta...
para ouvir as estórias
da Cuca e do Sapo Cururu.
E assim era a vida no sítio...
Aquele, lembra?
O Sítio do Pica-pau Amarelo.


A BRUXA
Augusta Schimidt


Que mulher mais esquisita

Avistei do meu jardim

Toda vestida de preto,

Chapéu roxo e cachecol

Voava numa vassoura

E parecia estar perto do sol.

De repente ela sumia

E atrás das nuvens se escondia,

Sua feiúra era tanta

Que a nuvem muito assustada

Corria... corria... corria.

A mulher era uma bruxa

Não sei se boa ou má

Só sei que era muito feia,

Feia mesmo, de assustar

Fiquei com muito medo

Que viesse me buscar.

Pedi ajuda ao vento

Que forte se pôs a soprar

Levando a bruxa pra longe

Do outro lado do mar.


Amizade

Amizade, amizade,
que nos traz felicidade,
e ilumina a cidade
de alegria e amor.

Vamos festejar
o nosso companheirismo,
enchendo de amor
este paraíso.

Meu companheiro
por isso eu te digo
você é meu amigo
conte sempre comigo.

(Escrito pela Beatriz da lista Gente Miúda)

Conclusões
Elza Beatriz

"Em boca fechada
não entra mosca."
Mas também
não entra nada!
"Quem não arrisca
nunca petisca."
E pelo petisco
se corre o risco.
A quem me quiser
só comportada
dou minha foto emoldurada...

O Cavalinho Branco
Cecília Meireles

À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:

mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.

O cavalo sacode a crina
loura e comprida

e nas verdes ervas atira
sua branca vida.

Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos a

alegria de sentir livres
seus movimentos.

Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!

Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A BONECA
Olavo Bilac


Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira : "É minha!"
- "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca.
Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca

A ESTRELA


Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindona
minha vida vazia.


Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.


Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?


E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
mais triste ao fim do meu dia.
MANUEL BANDEIRA


Passarinho Fofoqueiro
- José Paulo Paes


Um passarinho me contou
que a ostra é muito fechada,
que a cobra émuito enrolada,
que a arara é uma cabeça oca,
e que o leão marinho e a foca..
xô , passarinho! chega de fofoca!


Cotovia - Manuel Bandeira




— Alô, cotovia!
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que saudades me deixaste?


— Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe . . .
Voltei, te trouxe a alegria.


— Muito contas, cotovia!
E que outras terras distantes
Visitaste? Dize ao triste.


— Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, Bahia . . .


— E esqueceste Pernambuco,
Distraída?


— Voei ao Recife, no Cais
Pousei na Rua da Aurora.


— Aurora da minha vida
Que os anos não trazem mais!


— Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo:
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
— Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.


terça-feira, 8 de abril de 2008





O Elefantinho
Vinícius de Moraes

Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?
- Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Poema do Amor Perfeito
Cecília Meireles

Naquela nuvem,naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.
Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito?
Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.
Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito
.E onde estás, Amor-Perfeito?
Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se aleita
,entre pálpebras de areia...
Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.
O Menino Azul

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba diz
ero nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.
Cecília Meireles.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Língua
o livro do Flicts
a peça do Pluft
a música Ploquet Pluft Nhoque
o rock do Plunct Plact Zum
o castelo Rá-tim-bum
o cachorro Rim-tim-tim
o pó de Pirlimpimpim
Não sei como é
que a língua da gente
não dá um nó.
Leo Cunha.
BATATINHA
Batatinha quando nasce
se esparrama pelo chão.
Basta à tia eu pedir
que me cante uma canção,
que ela vira batatinha
e me põe no coração.
Ziraldo
Segredo

Andorinha no fio
escutou um segredo.
Foi à torre da igreja,
cochichou com o sino.

E o sino bem alto
delém-dem
delém-dem
delém-dem
delém-dem!

Toda a cidade
ficou sabendo.
Henriqueta Lisboa.