domingo, 2 de dezembro de 2007



A CANOA VIROU

A canoa virou
Por deixá-la virar,
Foi por causa da Maria
Que não soube remar

Siriri pra cá,
Siriri pra lá,
Maria é velha
E quer casar




Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a Maria
Lá do fundo do mar

A Formiguinha


A formiguinha coitadinha
cansada de trabalhar
carregava sua folhinha
só pensava em descansar...

Ao chegar no formigueiro
encontrou um tremendo bafafá
suas irmãzinhas temiam
o traiçoeiro tamanduá...

A formiguinha correu ligeiro
e a folhinha carregou
achou um novo formigueiro
onde a depositou...

Era um formigueiro protegido
perto de um rio corrente
o tamanduá temido
ali não seria valente...

Penou o dia inteiro
e resolveu descansar
com um doce açucareiro
pôs-se a sonhar!

Sua vida trabalhosa
era dura e azêda
sonhava com os doces da roça
na casa da Dona Lêda...

Lá entre potes de goiabada
viveu anos esquecida
até ser expulsa, coitada,
culpa do inseticida !

Lambuzou-se com o mel
de sonhos açucarados
acordou e olhou ao léu
lembrando do pesado...

Lá se foi a formiguinha
para mais uma batalha
mesmo pequenininha
diariamente trabalha...

Sua vida é assim
e esperta ela olha
procurando entre capins
encontrar suas folhas...

Quando chegar o frio
Ela terá sua comida
e perto do leito rio
estará protegida...

A forminguinha sabe
que o inverno não custa a tardar
e de seu trabalho eterno
irá se beneficiar !

(Angela Bretas)

sábado, 1 de dezembro de 2007


João de Deus Souto Filho

O sol


Tenho um Sol só meu
Feito de sonho e magia,
De cor amarela
E jeito engraçado :
- Quando é dia
Ele sorri e me espia.
- Quando é noite
Ele dorme e se esfria.


(recolhido do livro “Na Ponta Da Pena”)


Cecília Meireles

A pombinha da mata


Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.


"Eu acho que ela está com fome",
disse o primeiro,
"e não tem nada para comer."


Três meninos na mata ouviram
uma pombinha carpir.


"Eu acho que ela ficou presa",
disse o segundo,
"e não sabe como fugir."


Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.


"Eu acho que ela está com saudade",
disse o terceiro,
"e com certeza vai morrer."

A porta



Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!





in Poesia completa e prosa: "Poemas infantis"
in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

sábado, 24 de novembro de 2007


O RATINHO MUSICAL


Meu quarto é um violino,


a minha rua um piano junto


ao largo do tambor


é que eu moro todo o ano.



Minha escada é uma harpa,


nos pratos da bateria vou


sempre matar a fome,


seja noite ou seja dia.



Para andar de carrossel


eu ponho um disco a girar.


Bato-lhe com a batuta se


um gato me vem caçar.



Para namorar as ratinhas


canto lindos madrigais


e em vez de notas de


banco uso notas musicais.



Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca


XADREZ


É branca a gata gatinha,

É branca como a farinha.


É preto o gato gatão,

É preto como o carvão.


Os filhos, gatos gatinhos,

São todos aos quadradinhos.


Os gatinhos branquinhos

Fazem lembrar a mãe gatinha,

Que é branca como a farinha.

Os quadradinhos pretinhos

Fazem lembrar o pai gatão,

Que é negro como o carvão.


Se é branca a gata gatinha

E é preto o gato gatão,

Como é que são os gatinhos?


- Os gatinhos, eles são,

São todos aos quadradinhos


Poema de: Sidónio Muralha

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Leilão de jardim
de Cecília Meireles
Quem me compra um jardim com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é meu leilão!)



Vinicius de Moraes


A Casa
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
Canção da Leonoreta


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Borboleta, borboleta,
flor do ar,
onde vais, que não me leva?
Onde vais tu, Leonoreta?

Vou ao rio, e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá,
que já deve estar florido.
Leonoreta, Leonoreta,
que não me levas contigo...

Poema de
Eugénio de Andrade